O número integra um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular com base em dados do Datasus, do Ministério da Saúde.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — No Brasil, 113 pessoas por dia, em média, são internadas na rede pública para o tratamento de trombose venosa. O número integra um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular com base em dados do Datasus, do Ministério da Saúde.
De acordo com o estudo, entre janeiro de 2012 e maio de 2022, 425.404 brasileiros foram hospitalizados para esse fim. Do total de atendimentos, 394.254 (92,7%) ocorreram em caráter de urgência e 31.150 foram eletivos.
Os primeiros anos pandêmicos de 2020 e 2021 registraram números menores nas internações, mas com percentual de urgência maior, já que muitos procedimentos de saúde foram adiados para evitar a sobrecarga de hospitais ou pela falta de procura dos pacientes no período.
Das 38.989 hospitalizações em 2020, 2.152 foram eletivas e 36.837 urgentes (94,5%). No ano seguinte, do total de 38.567 internações, 94,7% foram emergenciais.
Para o presidente da entidade, Julio Peclat, os números preocupam e mostram a falta de autocuidado por parte dos brasileiros. As doenças crônicas negligenciadas, o afastamento dos consultórios e a Covid-19, que agride os vasos e pode levar à trombose, também justificam a alta nas urgências.
"As pessoas descuidaram da saúde e deixaram de ir ao médico", afirma.
A ausência de uma rotina de consultas preventivas também é apontada por Sergio Belczak, vice-diretor de Publicações da SBACV. "O paciente com histórico da doença na família, por exemplo, pode evitar a trombose venosa a partir de investigações médicas periódicas ou pelo menos diminuir os riscos de a doença avançar", destaca.
De acordo com os dados, 61% dos pacientes internados são mulheres. Em relação à faixa etária, a mais expressiva — responsável por 56% dos registros — é a de 40 a 69 anos.
O levantamento também aponta que o Sudeste possui 54% (231.451) de todos os registros. O Norte soma menos internações pela doença, com 10.693.
São Paulo foi o estado que mais contabilizou internações, com 118.960. Em seguida, aparecem Minas Gerais (69.164), Paraná (39.426) e Rio Grande do Sul (36.964). Os menos expressivos são o Amapá (194), Roraima (426) e Acre (942).
A trombose venosa ocorre quando há a formação de coágulos de sangue nas paredes internas das veias, principalmente nos membros inferiores, e impede o fluxo natural do sistema cardiovascular. Ela pode ser profunda ou superficial (tromboflebite superficial). Segundo Peclat, entre 40% e 50% das tromboses venosas profundas são assintomáticas.
Os sintomas da trombose, quando há, são manchas arroxeadas ou avermelhadas nos locais afetados, sensação de desconforto, dor contínua que pode melhorar com repouso — de maneira geral, é de forte intensidade e na panturrilha —, pontada atrás do joelho, inchaço nas pernas, além de câimbras que duram dois ou três dias.
"Ao menor sinal de dor na perna, uma dor diferente que você nunca teve, uma dor cansada na panturrilha, inchaço da perna ou do pé, dependendo da extensão da trombose, já procure ajuda médica", orienta Peclat.
A trombose tem relação com alguns fatores de risco, como o câncer. "No paciente oncológico com piora do câncer, a chance de trombose é maior. Também estão na lista a obesidade, o tabagismo, sedentarismo, a desidratação — comum em idosos —, o uso de pílulas anticoncepcionais e cirurgias de maior porte. Nesse caso, vale pedir ao cirurgião vascular orientações pré-operatórias preventivas, especialmente se for cirurgia ortopédica ou plástica", explica Peclat.
Viagens aéreas longas, acima de seis horas, também merecem atenção. O alerta vale para qualquer pessoa, principalmente os obesos e sedentários. Orientações como beber bastante líquido durante o voo, usar meias elásticas prescritas por um especialista e mexer as pernas durante a viagem previnem o coágulo.
A prática de exercícios físicos, alimentação saudável e o controle do peso corporal ajudam a evitar a doença.
A trombose venosa não diagnosticada e sem tratamento pode gerar complicações. A embolia pulmonar — fatal em até 30% dos casos — é uma delas. O principal perigo é que a parcela do pulmão comprometida pela falta de oxigenação não pode ser recuperada.
Segundo o estudo, entre janeiro de 2012 e maio de 2022, 86.880 brasileiros foram hospitalizados no SUS em decorrência de embolia -93,8% em caráter de urgência.
Em dez anos, as internações pela doença aumentaram 89% no país. Saltaram de 5.797 em 2012 para 10.953 em 2021. Entre janeiro e maio de 2022, esse número foi de 4.996 pessoas.
São Paulo foi o estado brasileiro com mais internações por embolia pulmonar (26.171). Minas Gerais (16.924), Rio Grande do Sul (8.236) e Paraná (6.566) apresentaram dados expressivos.
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