Vereadores em Moscou e São Petersburgo chegaram a pedir a destituição do presidente. Documento pedia a saída do presidente, acusado de mergulhar a Rússia novamente na Guerra Fria.
Enquanto as forças ucranianas avançam em uma contraofensiva que vem recuperando cada vez mais seu território e empurrando os soldados russos em direção à fronteira, a estratégia de Vladimir Putin começa a ser criticada em seu próprio campo. Vereadores em Moscou e São Petersburgo chegaram a pedir a destituição do presidente.
O Kremlin minimiza as ações recentes de Kiev, que obrigaram os soldados russos a recuar no nordeste ucraniano, mas também no Donbass, ao sudeste, zona que estava nas mãos dos separatistas pró-russos há oito anos. A Ucrânia celebra a tomada de dezenas de cidades, mas Moscou insiste que a retirada de suas tropas na região de Donetsk é estratégica.
Em meio a essa guerra de narrativas, críticas cada vez mais explícitas à ofensiva de Moscou começam a surgir do lado russo da fronteira. Algumas delas, partindo de representantes políticos, visam diretamente o presidente Vladimir Putin.
Na semana passada, vereadores de São Petersburgo e Moscou pediram abertamente a destituição do chefe de Estado. Na capital, vereadores assinaram um texto no qual não faziam referência explícita à guerra na Ucrânia. No entanto, o documento pedia claramente a saída do presidente, acusado de mergulhar a Rússia novamente na Guerra Fria.
Em São Petersburgo a iniciativa é mais enfática. Em uma carta enviada à Douma, a Câmara Baixa do Parlamento, os vereadores apontam que, segundo a Constituição, Putin pode ter que deixar o cargo por traição.
O documento cita as perdas de vidas, o impacto na economia, a progressão da Otan em direção ao Leste e a chamada “fuga de cérebros” russos em direção ao Oeste. Alguns dos autores do texto chegaram a ser convocados pela polícia para dar explicações.
No entanto, essas iniciativas têm poucas chances de provocar a queda de Putin. Por outro lado, elas revelam o cansaço da população diante de uma ofensiva militar que já dura mais de seis meses sem obter os resultados prometidos.
Presidente russo, Vladimir Putin, durante encontro virtual dentro do Kremlin, em 9 de agosto de 2022 — Foto: Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via REUTERS
Até nacionalistas contestam
Outra contestação que chamou a atenção foi a do dirigente checheno Ramzan Kadyrov que, em uma mensagem divulgada via Telegram, criticou o fracasso das forças russas na Ucrânia. “Se nada mudar na conduta das operações, serei obrigado a ir explicar o que está acontecendo ao poder russo”, disse o líder, cuja república é membro da Federação Russa e que enviou tropas para ajudar as forças de Moscou em solo ucraniano.
O mesmo tom começa a ser ouvido entre alguns nacionalistas russos. É o caso de Igor Guirkine, ex-membro do serviço secreto russo, que criticou a falta de meios enviados à Ucrânia e a ausência de mobilização geral na Rússia.
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