Até agora, o governo nicaraguense não comentou por que derrubou o sinal da "CNN en Español" no país.
O governo da Nicarágua retirou o canal da CNN en Español do ar a partir das 01h07 desta quinta-feira (22), no horário de Brasília – 22h07 de quarta-feira (21), no horário local da Nicarágua.
A Nicarágua vive sob o governo autoritário de Daniel Ortega, que está em seu quarto mandato consecutivo, e já recebeu apoio de partidos de esquerda brasileiros, como o PT e PCdoB.
Até agora, o governo nicaraguense não comentou por que removeu o sinal da CNN en Español no país.
A CNN tentou contatar o governo e as operadoras de cabo que transmitem o sinal da CNN en Español, mas não obtiveram resposta.
Em um comunicado, a CNN en Español disse: “Hoje o governo da Nicarágua retirou nosso sinal de televisão, negando notícias e informações aos nicaraguenses de nossa rede de televisão, na qual eles confiam há 25 anos.”
“A CNN en Español continuará cumprindo sua responsabilidade com o público nicaraguense, oferecendo nossos links de notícias em CNNEspanol.com, para que eles possam ter acesso a informações que não estão disponíveis de outra forma”, acrescenta a nota.
“A CNN defende as reportagens de nossa rede e nosso compromisso com a verdade e a transparência”, complementa o comunicado, acrescentando: “Na CNN en Español, acreditamos no papel vital que a liberdade de imprensa desempenha em uma democracia saudável”.
Comunicado completo da CNN en Español
Na CNN en Español, acreditamos no papel vital que a liberdade de imprensa desempenha em uma democracia saudável. Hoje, o governo da Nicarágua desativou nosso sinal de televisão, negando aos nicaraguenses notícias e informações de nossa rede, na qual eles confiam há mais de 25 anos. A CNN en Español continuará cumprindo sua responsabilidade com o público nicaraguense, oferecendo nossos links de notícias em CNNEspanol.com, para que eles possam ter acesso às informações que não estão disponíveis de outra forma. A CNN defende as reportagens de nossa rede e reafirma seu compromisso com a verdade e a transparência.
Eleição de Ortega
Em novembro do ano passado, Daniel Ortega conquistou seu quinto mandato como presidente da Nicarágua, o quarto consecutivo.
O processo eleitoral foi questionado por Estados Unidos, União Europeia, Organização dos Estados Americanos (OEA) e Nações Unidas por considerarem que não existem condições para eleições justas, democráticas e bem observadas.
As eleições nicaraguenses também foram marcadas pelo pelo cancelamento de três partidos políticos que fariam parte da opositora Coalizão Nacional e Aliança Cidadã, bem como a prisão de 39 líderes da oposição entre 28 de maio e 21 de outubro – sete deles aspirantes à Presidência.
PT saudou a vitória de Ortega
O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota celebrou o resultado, classificando as eleições como “uma grande manifestação popular e democrática”.
O partido disse ainda que o resultado confirma “o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”.
Dois dias depois, após diversas críticas contra o posicionamento do partido, o texto foi removido do site.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, alegou que a nota sobre as eleições na Nicarágua “não foi submetida à direção partidária”.
“Nota sobre eleições na Nicarágua não foi submetida à direção partidária. Posição PT em relação a qualquer país é defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e respeito à democracia, por parte de governo e oposição. Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro”, escreveu nas redes sociais.
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) fez movimento parecido, e saudou a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), partido de Ortega.
“As eleições se deram em um contexto de resistência às tentativas de desestabilização do país, que ocorrem desde 2018, com comprovada ingerência externa”, afirmou o PCdoB, em nota.
Exilados nicaraguenses culpam o regime de Ortega por ataques e ameaças
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e seu governo desencadearam uma campanha de terror político no país.
Ortega já foi um revolucionário. Ele mesmo tomou o poder depois de ajudar a derrubar o ditador Anastasio Somoza Debayle, mas passou os últimos anos reprimindo brutalmente vozes dissidentes.
Em junho, o governo Ortega começou a usar uma vaga lei de segurança nacional como justificativa para prender candidatos presidenciais da oposição, líderes da oposição, jornalistas, ativistas de direitos humanos e outros antes das eleições deste mês.
Dezenas de pessoas foram transferidas para El Chipote, a notória prisão onde o próprio Ortega foi preso quando jovem na década de 1970.
Cidadãos comuns agora vivem com medo tanto do governo quanto de si mesmos, de acordo com cerca de uma dúzia de pessoas na Nicarágua que falaram à CNN. Os vizinhos raramente falam sobre política por medo de serem considerados traidores, disseram eles.
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