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13.4.23

Meteorito que caiu em Pernambuco é o primeiro incorporado à coleção do Museu Nacional após incêndio

 Diretor do Museu promete abrir as portas ao público pela primeira vez no ano que vem, com o Meteorito Santa Filomena em exposição.

O Museu Nacional apresentou, na manhã desta quinta-feira (13), o primeiro meteorito incorporado à coleção da instituição após o incêndio de 2018. Trata-se do meteorito Santa Filomena, que caiu na cidade de mesmo nome em Pernambuco e pesa 2,82 kg.

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, prometeu que a peça estará em exposição no ano que vem, na primeira parte do museu recuperada.

“Ano que vem, em 6 de junho, isso aqui estará aberto e restaurado para o público. E ainda com a atividade de montar uma baleia sobre a escacada. Só conseguimos chegar a este ponto graças ao trabalho de centenas de anônimos”, disse Kelner.

A queda do meteorito aconteceu na tarde de 19 de agosto de 2020, quando os moradores de Santa Filomena ouviram um estrondo acompanhado da queda de várias “pedras” do céu. A situação chamou a atenção de curiosos e políticos.

Um dos meteoritos, inclusive, chegou a quebrar o telhado de uma casa.

Os pesquisadores da UFRJ, ligados ao Museu Nacional, foram alguns dos primeiros a chegar na cidade e coletar amostras para estudos. Eles chegaram no dia 20.

“Em poucos dias a cidade foi invadida por caçadores de meteoritos. Centenas de pessoas do Brasil e do exterior”, disse a pesquisadora Amanda Tosi.

O Meteorito Santa Filomena é classificado como um condrito, que são meteoritos rochosos encontrados de maneira comum. O que torna a peça especial é a raridade da queda dele em espaço urbano, além das imagens de câmeras que registraram o fenômeno.

“É um meteorito mais comum, mas o que não é comum é a chuva em cima de uma cidade. Muitos pedaços, principalmente pequenos”, contou Maria Elizabeth Zucolotto.

De acordo com os pesquisadores, o Meteorito Santa Filomena veio do cinturão de asteroides, um espaço sem planetas, entre Marte e Júpiter. Ele é importante para a ciência pois ajuda os cientistas a entender como o sistema solar foi formado.

“Ele é considerado um fóssil do sistema solar. Ele tem umas estruturas esféricas chamadas condros. São intactos desde há 4,56 bilhões de anos, praticamente a idade do sistema solar. É o passado do nosso planeta”, disse Amanda.

As pesquisadoras da UFRJ afirmam que o maior pedaço que caiu em Pernambuco, de 40 kg, foi adquirido por um colecionador no exterior.

Moradores de Santa Filomena, no Sertão de PE encontraram em 2020 pedras que teriam caído do céu. — Foto: Edimar da Costa

Meteoríticas

Pesquisadoras com meteorito nas mãos em apresentação no Museu Nacional — Foto: Cristina Boeckel/g1 Rio

Outro fato que chama a atenção na queda do meteorito é que ele foi resgatado por um grupo de pesquisa em que todas as integrantes são mulheres. De acordo com os profissionais da pesquisa, isso não é comum. O grupo, chamado de “Meteoríticas”, atua em todas as etapas da pesquisa, desde o trabalho de campo, passando pelo estudo em laboratório até a divulgação das descobertas.

O grupo existe desde 2017. A liderança das pesquisadoras é de Maria Elizabeth Zucolotto, que estuda meteoritos há 40 anos. Com várias profissionais interessadas, tornou-se mais fácil trabalhar nas pesquisas.

O trabalho foi feito e catalogado em três meses, permitindo ser integrado ao acervo do Museu Nacional e a publicação em revistas especializadas.

Pesquisadores da Unesp também ajudaram na pesquisa e em cálculos.

“Esse estudo só foi possível porque tinha câmeras de tv, do clima ao vivo, e foi possível observar a trajetória do meteoro. Com câmeras georreferenciadas a gente consegue medir a velocidade, o ângulo com o qual esse objeto entrou na atmosfera da Terra”, afirmou a pesquisadora Diana Andrade.

Recuperação

Além da promessa de abertura para o público da primeira etapa da reconstrução do Museu Nacional em meados do ano que vem, Alexander Kellner destacou que a instituição estabeleceu um prazo ao lado do governo federal para a entrega da maior parte do palácio para a população.

“Em 26, a maior parte possível do palácio será aberta para a população”, destacou Kellner.

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