Júnior Santos estava inspirado e fez a diferença com dois gols, enquanto o Botafogo sobreviveu ao abafa do América no final
O Estádio Independência recebeu o duelo entre líder e lanterna do Campeonato Brasileiro. Porém, as diferenças enormes na tabela não se notaram tanto assim em campo. O América Mineiro lutou até o fim em busca do empate. Apesar dos riscos, o Botafogo provou sua força e emendou a segunda vitória consecutiva na campanha, depois de momentos de crise na competição. Não foi uma atuação exatamente brilhante do time de Lúcio Flávio, agora efetivado como treinador, apesar de momentos de clara superioridade. Os alvinegros não souberam matar o jogo e precisaram sofrer na defesa. Ainda assim, a estrela de Júnior Santos preponderou. O ponta acertou dois chutaços de fora da área, especialmente o segundo, e assegurou o triunfo por 2 a 1. O líder está mais distante do lanterna. Foi a primeira vitória botafoguense contra o América em Minas Gerais na história da Série A.
A torcida do Botafogo merece ser elogiada pela ampla presença em Belo Horizonte. Cerca de 6 mil alvinegros estiveram presentes no Horto. Mas, apesar do barulho feito pelos visitantes, o time teve suas dificuldades. O Botafogo fluiu bem até abrir o placar, mas chamou o América e cedeu o empate antes do intervalo. Já na segunda etapa, a pintura de Júnior Santos conteve a reação americana de início. O Coelho ainda assim cresceu no final e buscou a igualdade. Lucas Perri fez a diferença, com uma grande defesa nos acréscimos, e uma bola seria salva quase em cima da linha por Bastos ainda depois. Depois do jogo, Perri disse que dormiu apenas meia hora na volta da Data Fifa, o que ressalta ainda mais seu papel de herói. Elogios também à postura aguerrida dos mineiros, mesmo com a derrota.
Fabián Bustos escalou o América num 5-3-2. Matheus Cavichioli era o goleiro, com a defesa formada por Mateus Henrique, Ricardo Silva, Iago Maidana, Danilo Avelar e Nicolas. Juninho, Emmanuel Martínez e Martín Benítez se combinavam no meio. Felipe Azevedo e Gonzalo Mastriani eram os atacantes. Já o Botafogo de Lucio Flávio, sem os suspensos Tchê Tchê e Marçal, vinha num 4-2-3-1. Lucas Perri tinha à sua frente a linha defensiva com Leonel Di Plácido, Adryelson, Victor Cuesta e Hugo. Gabriel Pires e Marlon Freitas eram os volantes. A trinca de meias trazia Júnior Santos, Eduardo e Victor Sá, no apoio ao artilheiro Tiquinho Soares.
Primeiro tempo de reviravoltas
O Botafogo era o senhor da partida durante os primeiros minutos. Tinha uma postura agressiva, que lembrava os melhores tempos do time no campeonato. Marcava forte no campo de ataque e enclausurava o América. Só que o Coelho não oferecia tantos espaços. As primeiras finalizações botafoguenses não foram boas, com a marcação quase sempre em cima. Os mineiros, por sua vez, jogavam com bolas longas e contra-ataques. Não pintava nada de muito concreto, com as dificuldades do time na construção a partir da defesa.
O caminho se tornou um pouco mais aberto para o Botafogo a partir dos 16 minutos, com um belo aviso. Numa trama inteligente pela esquerda, Tiquinho deu um bolão para Victor Sá, mas a definição saiu para fora. Era um sinal de que as brechas poderiam se tornar maiores. E o gol veio nesta sequência, aos 21, num contra-ataque. Tiquinho e Eduardo se combinaram de início, antes de Júnior Santos receber na direita. Foi para cima da marcação e, depois da finta, bateu numa fresta. A bola desviou na marcação e entrou no alto da meta, sem chances de defesa a Matheus Cavichioli. Era um tento merecido por aquilo que se via.
No entanto, o Botafogo não manteve o ritmo depois do gol. E a partida teria uma pausa médica aos 30 minutos, após Danilo Avelar e Adryelson sentirem. Com isso, o América aproveitou o momento para crescer. O Coelho era conduzido por Benítez e começou a encontrar a defesa do Botafogo exposta. Felipe Azevedo quase fez aos 36, num lance em que tocou por entre as pernas de Perri e finalizou quase sem ângulo, para Di Plácido salvar em cima da linha. Pouco depois, Benítez entrou com liberdade e finalizou de frente com Perri. O goleiro desviou a bola com a perna e ainda contou com a ajuda do travessão. Na sobra, Benítez mandou para fora de cabeça. E o empate se desenhava, até realmente sair aos 38. Benítez passou com facilidade por dois, tabelou com Mastriani e definiu com muita categoria diante de Perri. O fim da primeira etapa até perigava uma virada e o Botafogo optou por controlar mais a posse, enquanto Felipe Azevedo ainda cabeceou para fora com perigo.
O golaço e o drama
O América até parecia disposto a manter a mesma toada no segundo tempo, mais em cima nos primeiros minutos. Porém, o Botafogo teve a sorte de encontrar o segundo gol logo aos quatro minutos. Júnior Santos de novo foi brilhante. Limpou a marcação e descongestionou o caminho, para dar um chutaço que entrou no ângulo de Matheus Cavichioli. O gol auxiliou os botafoguenses a administrarem novamente a vantagem. O Coelho mexeu, com as entradas de Marlon e Rodriguinho aos 11. Benítez, quando voltou a chegar, estava impedido.
A presença ofensiva do América voltou a aumentar por volta dos 15 minutos. Não eram lances tão claros, mas o Coelho rondava a área do Botafogo. Os principais sustos vinham em escanteios. Um pacotão de mudanças aconteceu a partir dos 19. Danilo Barbosa e Philipe Sampaio entraram no Botafogo, pouco antes de Luis Henrique. Já o América apostava em Alê e Juan Casares. Era um momento mais arrastado do jogo, mas o Botafogo se mostrava desatento e abusava dos erros. Entregou um escanteio no qual Casares bateu com curva e quase surpreendeu Lucas Perri. A postura dos mineiros era bem ofensiva.
O Botafogo convidava o América Mineiro a crescer na partida. O Coelho tinha iniciativa, mas não qualidade para buscar o empate. Apesar da pressão, as chances de gol mais claras não apareciam. O Botafogo só melhorou quando Bastos e Diego Costa entraram aos 35, enquanto Renato Kayzer dava novo gás ao ataque mineiro. Nessa resposta alvinegra, Eduardo quase fez um golaço de bicicleta aos 37. Todavia, o respiro não durou muito. Era um jogo no ataque americano, com muitos chuveirinhos. Faltava acertar as cabeçadas, com tentativas ruins depois dos 40. Já os acréscimos se tornaram dramáticos.
Foram seis minutos de acréscimos. Lucas Perri realizou uma defesaça aos 47. Cazares mandou um míssil e o goleiro se esticou todo para desviar. Após atendimento médico, seriam outros três minutos adicionados. O América insistia no jogo aéreo, mas quase marcou pelo chão. Num cruzamento que atravessou a área, Kayzer entrou com espaço no segundo pau e Bastos salvou a bola quase em cima da linha. No escanteio, Ricardo Silva ainda cabeceou e Perri segurou firme no meio do gol. A bola não entraria, apesar da luta do Coelho.
O Botafogo chega aos 58 pontos na liderança do Campeonato Brasileiro, novamente com 12 pontos na dianteira da tabela. Precisa ver a sequência da rodada, com o Red Bull Bragantino em campo nesta quinta-feira. Já o América Mineiro fica na rabeira, com 18 pontos e uma sequência ruim que não tem fim. O Coelho pega o Corinthians em São Paulo na próxima rodada. Já o Botafogo receberá o Athletico Paranaense.
Por Trivela
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