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15.11.23

Endrick não está a passeio na seleção brasileira e oferece a Diniz combinação única de características

 A convocação de Endrick já acrescentou muito à seleção brasileira, ainda que ele não tenha entrado em campo nem por um minuto e tampouco tenha vestido a camisa amarela. Porque o centroavante certamente vai contribuir jogando futebol, no atual ciclo de Copa do Mundo. Mas seu potencial de acréscimo vai além, por sua combinação única de características – dentro e fora do campo.

O último jogador a trazer tal hype em torno de sua primeira conovocação foi Neymar, chamado por Mano Menezes quando tinha 18 anos, em 2010. Vinicius Júnior já tinha se destacado e até se lesionado pelo Real Madrid quando Tite o escalou pela primeira vez, aos 19 anos, em 2019. Endrick tem só 17, e não tem nem mesmo uma temporada completa pelo Palmeiras, onde virou titular de fato há dez jogos.

Conhecendo o jeito Fernando Diniz de trabalhar, já dá para afirmar que ele não convocou Endrick para fazer turismo. O técnico do Fluminense já mostrou não ser adepto da filosofia “família”: vai convocar quem puder entregar mais ao time no momento do chamado. E, hoje, é difícil pensar em um centroavante brasileiro capaz de entregar tanto como o camisa 9 do Palmeiras.

Endrick vive um momento raro, e Diniz sabe disso. Pode até ser que ele não o escale como titular, mas é difícil imaginar que o garoto não vá entrar em campo contra a Colômbia e ou Argentina pela Eliminatórias da Copa do Mundo.

Aliás, Endrick contra Messi, no Maracanã, pode vir a ser um daqueles momentos que serão lembrados para sempre por aqueles que adoram futebol. Endrick é o próximo grande objeto de interesse no mundo. E isso traz muitos olhos a mais do que o normal para uma seleção que perdeu muito de seu poder de atração.

Um jogador completo

Endrick com Adrielson no Nilton Santos
Autor de dois gols, Endrick foi essencial para a virada histórica do Palmeiras sobre o Botafogo (Foto: Icon)

Endrick é praticamente completo em termos de fundamentos. Pela estatura mediana – 1,73 m -, não é dos cabeceadores mais prolíficos, apesar da boa impulsão. Mas excede a média, por muito, em quase todos os demais itens, considerando os jogadores de sua posição.

A finalização de Endrick é fora de série – o que já é um diferencial para um time que sofreu com as faltas de pontaria de Richarlison e Gabriel Jesus recentemente. Embora 9, Endrick também não é um jogador que atua de modo mais estático. Para extrair o máximo dele, Diniz não pode usá-lo como um pivô. Colocá-lo de costas para o gol é privar o time de suas arrancadas.

Abel Ferreira percebeu isso e o recuou para a intermediária ofensiva no Palmeiras. Endrick é o homem-gol do Alviverde. Mas sua força de arrancada permite que ele mantenha o mesmo poder de fogo mesmo atuando mais longe da área.

Rony, por exemplo, corre curtas distâncias muito rápido, sem a bola, para recebê-la já perto do gol, com pouca necessidade de preparação para finalizar. Endrick, por outro lado, consegue trazer a bola com habilidade e força, trocando passes, se preciso, desde a linha do meio-campo. E consegue armar jogo também, cruzar, enfiar.

Endrick é um jogador que atua para o coletivo do time. Na arrancada palmeirense junto à liderança do Brasileiro, foi às redes em apenas três das seis vitórias em sete jogos. Mas brilhou em todos, cumprindo funções táticas, quando a bola não entrou. 

A força, aliás, é outra coisa que Endrick traz a Fernando Diniz. Sua capacidade de combater para desarmar os adversários na construção das jogadas é impressionante.

É interessante ver, inclusive, como ele espera para dar o bote no zagueiro oponente. Tal qual um fundista, o atacante chega quase a colocar as mãos no chão, como se fosse competir em uma prova de 100 metros rasos, na expectativa de “largar” para tentar tomar a bola do adversário.

Para quem está acostumado a ver Neymar sofrer tantas faltas e simular tantas outras, também vai ser curioso ver o Brasil atuar com um atacante que dificilmente é derrubado e perde uma disputa de corpo.

Endrick até ensaiou cavar algumas faltas quando foi promovido ao profissional. Mas foi muito bem instruído pela comissão do Palmeiras a deixar a mania de lado e apostar no seu físico, com o qual tem muito boas chances de ganhar as jogadas.

Uma escolha quase irresistível

Endrick foi convocado pela primeira vez para a Seleção

Tantas qualidades já fariam dele uma ótima escolha de Diniz. Mas tudo isso aliado a um carisma ainda mais fora de série o tornam quase irresistível para os amantes do futebol. E, na falta de um termo menos batido, não é impreciso dizer que Endrick tem estrela.

O atacante atrai os holofotes assim como joga futebol, sem fazer força. Porque há jogadores excelentes, mas que se constroem em cima de muito esforço, transparecendo que aquilo que fazem em campo não vem fácil para eles. Endrick, não. Endrick joga fácil. A mesma facilidade com que traz o público para si.

As torcidas adversárias adoram Endrick. Levam gols do garoto, perdem jogos por sua causa, mas lhe pedem camisas e fotos. Adversários o cumprimentam por acertos e o consolam nos erros. Difícil achar alguém que fale mal dele.

Por tudo isso, mesmo sem ele ter estreado, é fácil concluir que Endrick tem potencial para contribuir muito com a retomada das conquistas do Brasil. Tanto dos troféus quanto da paixão do torcedor. Dois itens que já existiram em número maior e chegavam com bem mais frequência e intensidade para a seleção no passado.

Por Trivela

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