Correios registraram um resultado líquido negativo de R$ 597 milhões em 2023, uma redução de 22% em relação ao prejuízo observado no ano anterior.
Os Correios registraram um resultado líquido negativo de R$ 597 milhões em 2023, uma redução de 22% em relação ao prejuízo observado no ano anterior. O resultado consta de balanço aprovado pelo conselho de administração da estatal hoje. Ao Valor, o presidente dos Correios, Fabiano Silva, afirmou que a trajetória demonstra que a empresa não precisa de aportes do Tesouro. Ele projeta para 2024 um lucro líquido de R$ 150 milhões.
O resultado de 2023 foi impactado negativamente pelo desembolso de R$ 2 bilhões que os Correios precisaram fazer para levar adiante o plano de equacionamento do déficit do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários da estatal. Perdas de clientes estratégicos chegaram a R$ 500 milhões.
Além disso, comentou Fabiano Silva, o programa federal Remessa Conforme, embora importante para o país no sentido de dar mais transparência e controle à entrada de encomendas internacionais em território brasileiro, provocou uma redução de mercadorias transportadas e, consequentemente, uma frustração de receitas.
“A gente precisou fazer um reequacionamento do déficit do Postalis, que está refletido em nossas demonstrações contábeis desse ano. Então, é um impacto de cerca de R$ 2 bilhões”, afirmou Silva. Ele considera o aporte no fundo como inevitável. “Isso trará uma garantia de que as pessoas receberão recursos no Postalis, trazendo segurança para o plano de previdência”, frisou. “O programa [Remessa Conforme] dá um compliance dessas operações internacionais que, no nosso caso, deixaram de ser feita às cegas porque vinha um pacote e ninguém sabia quem enviou, de onde veio”, afirmou o presidente dos Correios, explicando que, por outro lado, “houve uma frustração de receita”.
Diferentemente de outros agentes do setor, argumenta o presidente, todos os empregados da empresa são formalizados. E a estatal, por ser responsável pela execução de políticas públicas, tem a missão de garantir a universalização dos serviços e estar em todos os municípios do país. Ou seja, não irá focar apenas nos mercados lucrativos.
A expectativa do executivo é reverter o resultado negativo do ano passado. Para alcançar o lucro de R$ 150 milhões em 2024, a estatal deve buscar a celebração de mais parcerias de negócios — especialmente, em contratos com órgão públicos —, a recuperação de clientes estratégicos que negociam maior volume de entregas de encomendas e a redução de despesas com adoção de sistemas mais eficientes.
Silva conta que duas prioridades dos Correios para 2024 serão o redesenho da malha de transportes, para otimizar a operação, e início de uma estratégia de marketing com contratação de agência de publicidade. O orçamento para publicidade será de R$ 380 milhões neste ano.
Em outra frente, os Correios tomarão empréstimo de 700 milhões de euros do NDB, o Banco do Brics, até o fim do ano, diz o presidente. A operação ainda precisa ser aprovada pela Secretaria do Tesouro Nacional e pelo Senado. Os recursos serão usados para projetos voltados a investimentos em energia limpa e descarbonização da frota.
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