O autointitulado ex-coach disse que a partir de agora se empenhará em apoiar candidatos a prefeito contra adversários comunistas em todo o Brasil
O influenciador Pablo Marçal (PRTB) afirmou, na noite deste domingo (6), que concorrerá a um cargo no Executivo em 2026, governo estadual ou Presidência, e que não disputará novamente a Prefeitura de São Paulo.
Derrotado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), Marçal indicou que no segundo turno pode apoiar o emedebista, a quem costuma chamar de fraco e "bananinha", se ele encampar algumas de suas propostas, como a construção de escolas olímpicas e o ensino de educação financeira nas escolas.
O autointitulado ex-coach disse que a partir de agora se empenhará em apoiar candidatos a prefeito contra adversários comunistas em todo o Brasil.
Inicialmente Marçal tinha cancelado a entrevista que daria à imprensa na noite deste domingo (6), após derrota nas urnas, repetindo comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também silenciou após a vitória do presidente Lula (PT) em 2022.
Depois voltou atrás e marcou uma fala a jornalistas em frente a sua casa às 22h.
Ao longo da campanha, o influenciador adotou como estratégia a produção de polêmicas para se tornar conhecido entre os eleitores, colocada em prática a partir de cortes -vídeos curtos nos quais ele aparece com alguma fala polêmica, agressiva ou inusitada e que logo viralizam.
A estratégia, inclusive, levou o influenciador a ter os perfis nas redes sociais suspensos ao fim de agosto, em ação que pode torná-lo inelegível.
A Justiça entendeu que havia indícios de que o empresário estaria cometendo abuso econômico ao promover com recompensas financeiras cortes de vídeos produzidos por apoiadores. Marçal alega não ter remunerado ninguém durante o período eleitoral.
Neste domingo, vestindo camisa da seleção, Marçal afirmou ainda que acha difícil que Lula (PT) saia derrotado das próximas eleições presidenciais, mas disse também que o presidente está "senil", com idade avançada, e que deve ter o mesmo destino do presidente norte-americano Joe Biden.
Perguntado se ele se referia a São Paulo quando menciona a possibilidade de disputar o governo em 2026, o influenciador disse que ainda não sabe. Ao longo da campanha, Marçal abriu fogo contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal cabo eleitoral de Nunes, a quem apelidou de "goiabinha".
O governador disputará a reeleição ou a Presidência, como candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível. O influenciador afirmou que enviará uma mensagem ao governador, a quem chamou de "guerreiro". "Teve coragem de segurar na mão do Nunes, tiro o chapéu para ele", disse.
Marçal afirmou ainda que não tem problemas com Bolsonaro, com quem manteve uma relação de morde e assopra ao longo da campanha. Mas disse que o conservadorismo é maior do que os dois, e que o ex-presidente teve erros e acertos, lembrando que Bolsonaro foi o primeiro presidente desde a redemocratização que perdeu uma reeleição.
O ex-coach afirmou também que Bolsonaro quer colocá-lo "no hall de pessoas que ele ajudou e que viraram as costas para ele", mas que, na verdade, foi Marçal quem o teria ajudado na campanha de 2022, pedindo voto e investindo recursos.
Ele negou que a publicação de laudo falsificado para tentar associar Boulos ao uso de cocaína tenha prejudicado seu desempenho na reta final, dizendo que não encontrou uma única pessoa que tenha desistido de votar nele por esse motivo. Disse, ainda, que não teria postado o documento sabendo que era falso e que achou desproporcional a derrubada de sua rede social.
Após campanha agressiva, Marçal ficou em terceiro lugar, encostado em Boulos e Nunes.
Ao longo da campanha, o ex-coach ativou símbolos importantes para os bolsonaristas, como a defesa da família patriarcal, de uma vida regida por Deus e do livre mercado. Marçal se vendeu como o único candidato que combate o sistema e conseguiu até mesmo posicionar Bolsonaro como um líder que se dobrou a ele.
Elas foram, porém, mal recebidas entre o próprio eleitorado do ex-presidente, que precisou recuar. Pela primeira vez, uma figura de direita que não se forjou no seio do bolsonarismo ameaçava a hegemonia de Bolsonaro entre seus eleitores, que não identificam em Nunes um líder de direita.
Na reta final, com o crescimento de Marçal, o ex-presidente chamou o ex-coach de "fofoqueiro" e disse que ele "mente descaradamente".
Nas últimas semanas o influenciador havia se recuperado nas pesquisas de intenção de voto, e contou com apoios de figuras relevantes da direita, como os deputados Ricardo Salles (Novo) e Nikolas Ferreira (PL).
Vinha apresentando, por outro lado, altos índices de rejeição nos levantamentos.
Por semanas, adversários utilizaram a propaganda televisiva para atacar Marçal, expondo polêmicas e fatos negativos do seu passado, como a condenação do influenciador por furto qualificado em 2010, envolvendo sua participação em quadrilha de golpes digitais.
Sem tempo de TV por estar filiado ao PRTB, uma sigla nanica, Marçal estagnou nas pesquisas, mas seu eleitorado mostrou resiliência e ele tinha desidratado. Pelo contrário, na última semana voltou a desbancar Nunes nas pesquisas e assumir a dianteira entre eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que oficialmente apoia o prefeito e que foi responsável por indicar o ex-Rota Ricardo Mello Araújo (PL) para a vice.
Durante a campanha, Marçal tornou-se conhecido pelo discurso agressivo, como quando disse que a deputada Tabata Amaral (PSB) foi responsável pelo suicídio do pai, e pela criação de factoides, como aquele que associava falsamente o deputado Guilherme Boulos (PSOL) ao consumo de cocaína.
Depois de passar meses prometendo que iria desmascarar o psolista no último debate antes do primeiro turno, o da TV Globo, o influenciador chegou ao evento com a versão esvaziada. Reportagem da Folha revelou, por exemplo, que ele se baseava em um réu homônimo para acusar Boulos de uso de drogas.
Na sexta-feira (4), Marçal apelou para a falsificação de um laudo de uma clínica particular, cujo dono é próximo ao ex-coach. Boulos pediu a prisão de Marçal, que foi negada, mas o juiz suspendeu sua conta reserva no Instagram.
No fim, as provocações do influenciador ensejaram o clima bélico que marcou o período eleitoral, resultando na cadeirada do apresentador José Luiz Datena (PSDB) contra Marçal e no soco desferido pelo assessor do ex-coach, Nahuel Medina, contra o marqueteiro de Nunes, Duda Lima.
Marçal voltou atrás na decisão de não se pronunciar após a derrota. Poucas horas antes, havia cancelado entrevista que daria à imprensa, dizendo via assessoria que falaria apenas quando recuperasse seus perfis.
Antes, Marçal havia organizado um evento para receber pessoas envolvidas na campanha e jornalistas, com entrevista prevista para as 19h. Porém, nunca apareceu no espaço. Quem falou com a imprensa após a derrota foi Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, que disse que o influenciador não deve contestar as urnas.
Às 20h30, a assessoria de imprensa de Marçal repassou aos jornalistas recado do autointitulado ex-coach de que ele se pronunciaria via redes sociais, quando recuperarasse seu perfil. Neste sábado, a Justiça Eleitoral suspendeu a conta reserva do influenciador no Instagram, depois de ele publicar um laudo falso associando Boulos ao uso de cocaína.
Por Folhapress
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