Ricardo Oliveira marcou dois gols no clássico desta quarta, na Vila (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press) |
O futebol de hoje mudou muito em relação ao tempo em que Doriva ainda entrava em campo para jogar e ser comandado. O jogo ganhou velocidade, os sistemas táticos evoluíram e o talento por si só deixou de resolver sem uma mínima organização. Mas Doriva, hoje técnico do São Paulo, pagou caro por ter apostado em um futebol antiquado na noite desta quarta-feira, na Vila Belmiro. Com três atacantes e dois meias que abdicavam de recompor a marcação sempre que perdiam a posse da bola, o Tricolor do Morumbi sofreu com o compacto Santos de Dorival Júnior, sempre letal nos contra-ataques.
A medida pode ser baseada no desespero de reverter a vantagem santista conquistada na semana passada, no primeiro duelo da semifinal da Copa do Brasil, quando o Peixe venceu por 3 a 1. Mas o plano são-paulino, além de ter dificultado as coisas, ainda tornou a situação vexatória. Com muita facilidade desde os primeiros segundos de partida, o alvinegro praiano venceu o rival por 3 a 1 novamente e se garantiu na grande decisão da Copa do Brasil de 2015 contra o Palmeiras, que será disputada em dois jogos, dias 25 de novembro e 2 de dezembro, com a novidade do gol fora de casa não ser usado como critério de desempate. Um sorteio ainda nesta quinta vai definir a ordem dos mandos.
Sem ninguém para lhe incomodar, Lucas Lima ‘flutuou’ pelo gramado da Vila. O camisa 20 esnobou todo seu talento que o tem feito jogador de Seleção Brasileira, principalmente na etapa inicial. O meia aparecia na direita, na esquerda, infiltrava na área e atormentava seus marcadores, sempre atrasados na jogada.
Tanto espaço não seria desperdiçado pelo Peixe, que nesta quarta alcançou sua 14ª vitória seguida na Baixada Santista. Antes mesmo da primeira volta do relógio, Gabriel quase marcou, após falha de Lyanco, aposta de Doriva na vaga do contestado Luiz Eduardo. Mantendo o ritmo forte, não demorou para o Santos abrir o placar. Aos 11, Lucas Lima fez linda invertida para Gabriel, que cruzou de trivela para Ricardo Oliveira atingir 34 gols na temporada e ampliar a vantagem santista no confronto pela Copa do Brasil.
Cheio de homens de frente, o São Paulo era inofensivo e muitas vezes displicente no ataque, sem contar o nítido desentrosamento perante a um esquema ‘suicida’. Vanderlei ainda evitou o que seria um gol contra de Gustavo Henrique, depois de cobrança de falta, mas o time da casa queria mais.
A jogada do primeiro gol e tão eficiente diante do Corinthians, em Itaquera, pelas quartas de final, era a arma mortal. Saída rápida pelas beiradas e bola invertida para pegar o atacante de frente para o gol, preparado só para escorar. Assim, Lucas Lima quase marcou depois de receber cruzamento de Ricardo Oliveira, aos 15. Mas aos 20 não teve quase. Novamente em contra-ataque, o meia alvinegro virou o jogo da esquerda para a direita e encontrou Marquinhos Gabriel, que resolveu variar. Com tempo para definir o lance, o atacante ajeitou a bola para o pé bom e mandou de canhota, cruzado, no ângulo de Rogério Ceni. Um golaço!
Sem tempo para respirar, três minutos depois, o São Paulo ainda não tinha percebido que estava prestes a ser goleado se continuasse jogando daquela forma. Então, Thiago Maia, que nada tem com isso, aproveitou nova bobeada do rival e ligou a bola em Lucas Lima. Rapidamente o lance se transformou em três jogadores do Peixe contra dois desesperados são-paulinos. Assim, o meia do Santos só precisou rolar para a área, onde estava Ricardo Oliveira e seu faro matador. 35º gol no ano do centroavante de 35 anos e 3 a 0 para o Peixe no placar da Vila.
Pouco depois, Marquinhos Gabriel acertou a trave de Rogério Ceni. O relógio não marcava nem meia hora de clássico e a torcida do Peixe já gritava “olé” a cada toque na bola, enquanto os poucos são-paulinos nas arquibancadas faziam um silêncio mórbido, sem qualquer esperança de uma reviravolta.
Doriva então resolveu agir. Mesmo que tardiamente, o treinador Tricolor sacou Luis Fabiano e colocou Wesley no jogo, em uma tentativa de povoar um pouco um meio campo e tentar obter mais posse de bola e ao menos brigar pelos rebotes. Mas a essa altura o Santos já administrava sua larga vantagem.
A etapa final do clássico começou com uma surpresa. Rogério Ceni, que deu adeus ao sonho de conquistar o único título que nunca vencera na carreira antes de sua aposentadoria, ficou no vestiário e Dennis assumiu a meta Tricolor. A substituição não foi perdoada pelos torcedores do Peixe, que ironizaram: “Rogério amarelou”.
Sem seu capitão, o São Paulo passou todo o segundo tempo evitando uma goleada histórica e sem muita ambição em buscar uma classificação milagrosa. O time de Dorival Júnior também pisou no freio e o próprio técnico percebeu que não havia mais necessidade de correr riscos. Por isso, logo sacou Lucas Lima para a entrada de Geuvânio. Chiquinho também substituiu Daniel Guedes e Alison entrou na vaga de Marquinhos Gabriel. A noite foi marcante para o volante, que voltou a jogar uma partida oficial pelo Santos depois de oito meses. Foi justamente em um clássico contra o Tricolor, no primeiro semestre, que Alison rompeu os ligamentos do joelho direito pela terceira vez.
No São Paulo, Kardec deu lugar à Centurión. Mas foi Michel Bastos que ainda honrou o manto Tricolor. Primeiro, o meia acertou a trave em um forte chute de fora da área. Com a marcação frouxa, o jogador insistiu no lance seguinte em jogada semelhante, mas dessa vez não errou, diminuindo o prejuízo para 3 a 1.
Porém, nada impediria a sétima eliminação são-paulina imposta pelo Santos em disputadas de mata-matas. O tabu de não perder para o Tricolor na Vila Belmiro desde 2009 também foi mantido pelo alvinegro praiano, que volta à decisão de uma Copa do Brasil depois de cinco anos, quando levou sua primeira e única taça do torneio sob o comando de seu atual técnico: Dorival Júnior.
Empolgado depois de uma atuação inesquecível, o Santos se prepara para outro clássico, agora pelo Campeonato Brasileiro. Neste domingo, o time de Dorival Júnior reedita a decisão do Campeonato Paulista e ao mesmo tempo faz uma prévia da final da Copa do Brasil contra o Palmeiras, às 17 horas (sempre de Brasília), de novo na Vila Belmiro. Por outro lado, o São Paulo junta os cacos para receber o Sport Recife no Morumbi, também às 17 horas, mas no sábado. E a necessidade de uma resposta imediata é grande, já que conquistar uma vaga no G4 do Brasileiro é a última chance da equipe se classificar à Copa Libertadores da América de 2016 e mais um ano sem levantar um caneco.
FICHA TÉCNICA
SANTOS 3 X 1 SÃO PAULO
SANTOS 3 X 1 SÃO PAULO
Local: Estádio da Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data: 28 de outubro de 2015, quarta-feira
Horário: 22 horas (de Brasília)
Renda: R$ 840.010,00
Público: 13.932 torcedores
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Carvalho Van Gasse, ambos de São Paulo
Cartões amarelos: Luis Fabiano e Matheus Reis (São Paulo)
Data: 28 de outubro de 2015, quarta-feira
Horário: 22 horas (de Brasília)
Renda: R$ 840.010,00
Público: 13.932 torcedores
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Carvalho Van Gasse, ambos de São Paulo
Cartões amarelos: Luis Fabiano e Matheus Reis (São Paulo)
GOLS:
SANTOS: Ricardo Oliveira, aos 11 e aos 23, e Marquinhos Gabriel, aos 20 minutos do 1º tempo.
SÃO PAULO: Michel Bastos, aos 26 do 2º tempo.
SANTOS: Ricardo Oliveira, aos 11 e aos 23, e Marquinhos Gabriel, aos 20 minutos do 1º tempo.
SÃO PAULO: Michel Bastos, aos 26 do 2º tempo.
SANTOS: Vanderlei; Daniel Guedes (Chiquinho), Gustavo Henrique, David Braz e Zeca; Renato, Thiago Maia e Lucas Lima (Geuvânio); Marquinhos Gabriel (Alison), Gabriel e Ricardo Oliveira.
Técnico: Dorival Júnior
Técnico: Dorival Júnior
SÃO PAULO: Rogério Ceni (Denis); Bruno, Lucão, Lyanco e Matheus Reis; Rodrigo Caio, Paulo Henrique Ganso e Michel Bastos; Alexandre Pato, Alan Kardec (Centurión) e Luis Fabiano (Wesley).
Técnico: Doriva.
Técnico: Doriva.
Gazeta Esportiva
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