Até a vizinhança se tornou alvo: caso se intrometessem, mãe e filha adolescente seriam estupradas, dizia o homem. Em três dias, o suspeito invadiu o imóvel três vezes. Desde sexta a família dorme fora de casa.
A vida da família da culinarista Kelma Zenaide virou de cabeça para baixo quando ela descobriu que o filho dos proprietários que alugaram a casa onde mora, na região Noroeste de Belo Horizonte, a observava do telhado. Na última sexta-feira (08), o jovem, de 19 anos, a surpreendeu quando estava sozinha em casa. No telhado próximo à janela, ele gritou ameaças de cunho racista e homofóbico contra a família, que é formada por um casal lésbico de mulheres negras: como "sapatão tem que morrer" e "suas pretas, macacas".
Segundo Kelma, ele dizia que iria matar o casal e os filhos, duas crianças de 6 e 7 anos. Até a vizinhança se tornou alvo: caso se intrometessem, mãe e filha adolescente seriam estupradas, dizia o homem. Em três dias, o suspeito invadiu o imóvel três vezes. Desde sexta a família dorme fora de casa.
“Ele me ameaçou, gritou que iria atirar contra mim, que iria matar eu e minha família. Dizia ‘você e sua mulher’ como um insulto. ‘Eu vou matar todos vocês, essa casa é minha’”, lembra Kelma. De acordo com ela, na primeira vez que o homem invadiu a casa, ela viveu momentos de terror e escapou ao montar uma base de proteção dentro do quarto.
“Empurrei a cama e dois criados mudos contra a porta. Assim, se ele tentasse entrar, eu teria tempo para fugir. E comecei a ligar para pedir ajuda, enquanto ele dizia que ia me matar. A sensação é que ele estava dentro da minha casa, no corredor, pela cozinha”, conta.
O jovem conseguiu fugir antes de ser pego pela polícia, que não o encontrou na região mesmo após realizar buscas. Nesse momento, Kelma agradecia que seus filhos não estavam em casa.
Dentro da casa, homem consome alimentos, toma banho e se masturba
Com medo, a família foi dormir com parentes, e no outro dia de manhã recebeu a notícia de que o suspeito havia voltado. “Meu amigo me ligou, 5h20, e disse que o homem estava dentro da minha casa. Ele (o suspeito) tomou banho, se enxugou com a minha camisa, comeu coisas da nossa geladeira, roubou dois computadores, dois celulares e nossas compras de Natal. A casa ficou toda revirada”, lamenta a culinarista.
No banheiro, ela disse ter encontrado vários papéis higiênicos sujos de sêmem, o que indica que o jovem se masturbou enquanto estava na casa. “É amedrontador. Ele ameaçou estuprar nossas vizinhas e, quando chego no banheiro, me deparo com sêmem espalhado”, diz Kelma.
Vizinhança sabia que proprietários do imóvel tinham problemas com o filho
A culinarista conta que, em uma conversa com uma vizinha, a mulher comentou que a família proprietária da casa tinha um histórico de problemas com o filho. No momento, Kelma deixou o assunto morrer, ainda sem desconfiar que teria a casa invadida brutalmente por ele. “Essa amiga me disse que o homem se esconde no telhado e dentro de algumas partes da casa. Estamos muito tensos. Antes dele invadir, nós já nos sentíamos vigiadas, como se alguém estivesse rondando a casa”, desabafa.
Os proprietários, segundo Kelma, não demonstraram preocupação com o caso. “A irmã acusou minha companheira de prejudicá-la, sendo que ela só entrou em contato precisando de ajuda. Pensamos que a família dele pudesse ajudar nesse momento. Mas não, foram muito frios e pediram para entrar em contato direto com advogado. Nem comentaram do filho deles”, diz.
Para Kelma, essa situação é um sonho que se tornou um pesadelo. “Nos mudamos praticamente há dois meses. Era um sonho, a casa é perto dos nossos trabalho, pesamos que nossos filhos teriam mais segurança e mais lazer, com quintal e piscina. Mas agora não queremos mais ficar, vamos rescindir o contrato”, lamenta.
No sábado (9 de dezembro), a polícia chegou a tempo de prender o homem em flagrante. Ele foi levado para atendimento em um hospital e a irmã o acompanhou. Mas, algumas horas depois, a família proprietária do imóvel disse que o filho havia fugido. Desde então, ele não foi mais encontrado.
Kelma já registrou dois boletins de ocorrência e, nesse domingo (10 de dezembro), moradores viram o homem tentando entrar no imóvel outra vez, acompanhado de outra pessoa. A família procurou um advogado para tentar resolver o problema. “Está muito complicado. Final de ano e esse medo, não sabemos quando vamos conseguir voltar à rotina”, lamenta.
O que diz a Polícia Civil?
"A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que neste fim de semana foram registradas ocorrências envolvendo três vítimas com idades de 42, 43 e 51 anos, no bairro Lagoinha, na Capital. Segundo um dos registros, um suspeito, de 19 anos, estaria em um possível surto psicótico dentro da residência sendo, em seguida, encaminhado ao hospital para o devido atendimento médico. Até o momento, nenhum dos envolvidos nos fatos foram encaminhados à delegacia de plantão para as medidas legais cabíveis. A Polícia Civil apura os fatos."
Por O Tempo
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